Andaman e Nicobar – Um paraíso indiano escondido no meio do mar.
Era mais um dia comum quando um amigo e cliente me ligou, convidando para pescar e registrar as capturas através dos Gyotakus na Índia. Sim, na Índia. Eu não tinha o equipamento apropriado, nem papel suficiente para fazer as obras com os grandes peixes que esperávamos capturar — e tinha pouco tempo para organizar tudo. Mas não resisti e comprei a passagem, e junto com ela, a ansiedade.
A aventura começou quando tivemos que atravessar o mundo com varas de pesca, papéis e telas de algodão que não podiam dobrar, amassar ou quebrar — e, se dependesse das companhias aéreas, poderiam acontecer as três coisas. Fui com uma mala que parecia mais um defunto, mas tudo estava muito bem embalado e protegido. Obviamente, fora do padrão (o que sempre vira dor de cabeça em algum momento dos check-ins).
Nosso destino eram as Ilhas de Andaman e Nicobar, um arquipélago no meio do Oceano Índico, mais perto da Indonésia do que da própria Índia. Ficamos em Andaman, já que Nicobar é uma base da guarda costeira indiana onde eles têm permissão para atirar em qualquer embarcação que adentre um certo perímetro. Andaman, apesar de ser extremamente militarizada, permite o turismo e a pesca esportiva — mas a caça submarina segue proibida no arquipélago.
Foram sete dias frenéticos de pescaria, acordando às 5 da manhã e pescando por 10 horas sem parar, com os equipamentos mais pesados que já pesquei na vida. A espécie-alvo era o Giant Trevally, ou mais conhecido como GT — um peixe com o ataque mais explosivo entre todas as espécies marinhas, que quebra iscas de madeira, abre garateias e estoura linhas com facilidade. Ele foi o responsável por nos fazer atravessar o globo, tomar analgésicos e relaxantes musculares durante a noite... rsrsrs.
Mas além dos GTs, o mar de Andaman abriga uma biodiversidade absurda, com diversas espécies de garoupas, jobfish, outros trevallys, dogtooths, barracudas e muito mais. E o meu objetivo era conseguir registrar o máximo de espécies possível através do Gyotaku — afinal, não é todo dia que se pesca no Oceano Índico!
Ao chegar na guest house onde estava hospedado, depois de um dia inteiro de arremessos frenéticos, era hora de registrar as capturas! O povo local, desde o início, foi muito solícito e liberou a cozinha da casa para que eu pudesse preparar os peixes que seriam pintados. Dia após dia, lá estava eu, na cozinha, preparando os peixes, enquanto o cozinheiro preparava iscas de peixe e batata frita para servir ao resto da turma. O cansaço tomava conta, mas a vontade de registrar aqueles peixes diferentes era maior!
E assim foi durante os sete dias de pescaria. No total, foram mais de dez espécies eternizadas através do Gyotaku — e posso dizer que os peixes de lá ajudaram muito! Cada um com uma característica única: os dogtooths com olhos grandes e dentes afiados, os GTs com a cabeça ocupando um terço do corpo, os green jobfish com escamas registradas perfeitamente, e as diferentes espécies de garoupas com formatos e nadadeiras singulares.
Através do Gyotaku, consegui trazer um pouco dos peixes do Oceano Índico para o Brasil. Espécies novas, singulares, com texturas e padrões únicos. É com muita alegria que a Aukai apresenta a coleção de gyotakus “Andaman e Nicobar – Um paraíso indiano escondido no meio do mar.”